
Avaliação do desempenho de coentro (Coriandrum sativum) em sistema de horta vertical com
diferentes dosagens de terra de quixabeira (Bumélia sertorium).
Francicley Carneiro, Janilce Prado, Lorena Martins,
Márcia Silva, Ramon Santos e Rarana Brandão
Resumo: A “terra de quixabeira” é utilizada como fertilizante natural em diversas culturas no semiárido baiano.Por ser um recurso abundante e de baixo custo para os agricultores, esse composto é incorporado ao solo antes de realizar o plantio, tornando assim, terrenos menos férteis em áreas que a agricultura é praticada com sucesso. No presente trabalho, objetiva-se verificar a possibilidade do uso da Terra de Quixabeira como melhoradora da fertilidade do solo, comparando-a com solo da áea experimental do campus da Universidade Estadual de Feira de Santana- Ba em horta vertical na avaliação do desenvolvimento decoentro (Coriandrum sativum)por 25 dias após a germinação utilizando diferentes dosagens de terra de
quixabeira misturadas ao solo.
Palavras-chave: semiárido, fertilização, produção vegetal, reutilização.
Introdução:
O coentro (Coriandrum sativum L.) é uma olerícola pertencente à família Apiaceae; originária dos
continentes Europeu e Africano, sendo cultivada há mais de três mil anos. No Brasil, as folhas são
amplamente utilizadas como tempero na culinária, especialmente na região nordeste, que é grande consumidora dessa hortaliça condimentar. É pouco exigente em relação ao solo e tolerante à acidez (Filgueira, 2000).
As sementes são bastante utilizadas na indústria como condimento para carne defumada e na
fabricação de pães, picles e licores finos (Filgueira, 2003). É uma hortaliça folhosa herbácea, anual, aromática, de raiz superficial, com folhas verdes brilhantes, alternadas e entrecortadas até a inserção do pecíolo. Por ser uma cultura de ciclo precoce (45-60 dias), garante rápido retorno do capital investido, aumentando a renda familiar daqueles que se envolvem em sua exploração, possibilitando a utilização da mão-de-obra familiar ociosa, tornando-se uma espécie de alcance social notável.
Para Oliveira et al. (2002) é possível a produção desta olerícola empregando unicamente adubo
orgânico, porém a aplicação de adubos minerais favorecem um melhor desenvolvimento e crescimento das plantas
Na região de Feira de Santana – BA, os plantios são feitos em hortas domésticas, com sistema de
agricultura familiar, e tendo como fonte de adubo, esterco (bovino e caprino). Assim, a dependência desses insumos torna o produtor exposto à escassez, pois nem sempre o mesmo dispõe desse recurso na propriedade, o que aumenta os custos de produção.
A adubação orgânica surge com uma alternativa de grande importância e necessidade, uma vez que seu emprego na produção de hortaliças pode gerar contribuições consideráveis quanto à redução dos custos de produção para o agricultor, e aumentar a eficiência dos sistemas produtivos.
Nesse contexto, a terra de quixabeira, material obtido através da decomposição de folhas, vegetais e excrementos de minhoca, é uma terra vegetal que carece de estudos científicos quanto ao seu uso como adubo orgânico. Paralelamente, um importante aspecto a ser considerado quando se estuda a produção orgânica de hortaliças, como o coentro, de notável alcance social, é a utilização de adubos orgânicos, principalmente de fácil obtenção, o que garante uma opção a mais para o produtor no sistema de produção. Assim sendo, objetivou-se avaliar diferentes quantidades de terra de quixabeira como adubo orgânico na produtividade de coentro.
A Terra de Quixabeira (Bumélia sertorium) é uma terra vegetal ainda não explorada cientificamente, trazendo algumas dificuldades quanto a sua utilização como fertilizante, no entanto é muito usada por pequenos agricultores, principalmente na jardinagem e horticultura, gerando uma falta de informações sobre o seu uso.
A garrafa PET é uma invenção muito reconhecida em termos econômicos, mas vem sendo
problematizada devido a preocupação com o problema ambiental causado pela sua acumulação no meio ambiente em forma de lixo: é uma das maiores poluidoras de matas, rios, córregos, etc. Uma garrafa PET pode levar até 800 anos para ser degradada na natureza. Buscar alternativas para sua reutilização tem sido um esforço da sociedade em diversos lugares.
Fundamentação teórica:
O coentro (Coriandrum sativum L.) é um tipo de hortaliça com elevado consumo no País, de grande importância econômica suas folhas são utilizadas como tempero na culinária, em especial na região Nordeste (Melo et al., 2003), são ricas em vitaminas A, B1, B2 e C. As sementes têm uso na indústria como condimento para carnes e fabricação de pães (Filgueira, 2003). O coentro é originário da região da região leste do Mediterrâneo e oeste da Ásia, pertencente à família Apiaceae, gênero Coriandrum; planta herbácea anual, altura varia entre 25 a 60 cm; sua raiz pivotante do tipo fusiforme explora 15 a 20 cm de solo superficial (LEDO & SOUSA, 1997). Haste vertical com poucas ramificações, folhas de bases aladas e com recortes de coloração escura, inflorescência do tipo umbela, flores brancas; frutos esféricos apresentando ligeira rugosidade e coloração amarelo-escuro, suas duas sementes de formato semiesféricos devem ser comprimidos para liberar as sementes e facilitar a germinação (PIMENTEL,1985). De seus frutos secos podem ser extraídos óleos essenciais compostos por coriandol, pineno, borneol, geraniol, cimeno, d-linalol, limeno, terpinol, ácido acético e oxálico muito utilizado na indústria (LEDO & SOUSA,1997).
A germinação ocorre em média entre cinco e sete dias, atingido 40 dias ou mais as plantas atingem seu desenvolvimento vegetativo, onde pode ser realizado o corte das folhas, após essa fase inicia-se o período reprodutivo, quando estas folhas se tornaram mais finas, as plantas mais fibrosas, iniciando a floração. A reprodução do coentro é sexuada e sua forma de propagação mais comum é através de sementes (GUSMÃO & GUSMÃO,2007).
O coentro desenvolve-se bem em temperaturas entre 18oC e 25oC, apresentando sensibilidade a
baixas temperaturas, de acordo com Ledo & Sousa, (1997) e Cardoso et al. (2000) desenvolve-se
melhor em solos férteis com textura média, profundos, soltos, bem drenados e com boa exposição a luz.
Neste experimento objetiva-se verificar a possibilidade do uso da Terra de Quixabeira (Bumélia
sertorium) como enriquecedora na fertilidade do solo, comparando-a com solo comum, sendo o coentro (Coriandrum sativum) cultivados em horta vertical, e posteriormente avaliado o desenvolvimento 25 dias após a germinação, será utilizado diferentes dosagens da terra de quixabeira, a mesma é uma terra vegetal ainda não completamente explorada cientificamente, o que acarreta dúvidas quanto a sua utilização como fertilizante e escassas informações sobre seu uso, no entanto é muito usada por pequenos agricultores, principalmente na jardinagem e horticultura.
Para desenvolver a pesquisa serão utilizadas garrafas PET de 2 L (vazias e limpas); tesoura; corda de varal; solo comum coletado na UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana) e o substrato “terra de quixabeira” coletado na cidade Riachão do Jacuípe, o solo utilizado no experimento foi separado em malha de 4,78mm e cada amostra foi pesada e identificada para garantir uniformidade no material; as sementes de coentro são da marca comercial FELTRIN.
As garrafas inclinadas horizontalmente serão cortadas seguindo o mesmo modelo, onde uma janela com 20 cm em média servirá como abertura para o crescimento da planta; serão improvisados 2 furos na região próxima às aberturas, na parte superior e inferior, e um cordão que segura as garrafas passará por meio deste espaço para apoia-las em pregos presos a parede da residência escolhida. Todas as garrafas terão marcações em distâncias equivalentes, para manter a simetria quando forem penduradas na parede e acomodarem o mesmo volume de solo. O fundo de todas as garrafas terá um buraco que permita a saída do excesso de água na terra após a irrigação manual. Uma vez que estas garrafas estejam devidamente presas e alinhadas, usaremos os seguintes tratamentos: BRANCO: 1 kg de solo UEFS; T1: 0,5 kg solo uefs/0,5 kg terra de quixabeira T2: 0,75 kg solo uefs/ 0,25 kg terra de quixabeira; T3: 0,75 kg terra de quixabeira/ 0,25 kg solo uefs e T4: 1kg terra de quixabeira. Após essa divisão será realizado o plantio, irrigação manual 3 vezes por semana, e no 25o dia após a germinação coleta de amostras para análise sobre o desempenho do coentro em diferentes.
Caracterização da área de estudo: Como as hortas verticais podem ser montadas em diversos ambientes, os locais mais comuns para encontrá-las são residências, principalmente em áreas sem exposição direta ao sol, como corredores e garagens, o experimento será montado em uma residência localizada no conjunto Feira VI, próximo ao campus da Universidade Estadual de feira de Santana.
Materiais e Métodos: Para desenvolver a pesquisa serão utilizadas- garrafas PET de 2 litros vazias e limpas; tesoura, corda de varal, solo uefs, substrato “terra de quixabeira”, sementes de coentro (marca comercial FELTRIN) e tinta para colorir as garrafas.
As garrafas PET serão cortadas da mesma forma, com uma espécie de janela com 20 cm, que será a abertura por onde a planta crescerá, dois furos serão feitos na região próxima às aberturas, superior e inferior, e o cordão que segura as garrafas passará por meio deste espaço. Todas as garrafas terão marcações em distâncias equivalentes, para manter a simetria quando forem penduradas na parede e acomodarem o mesmo volume de solo. O fundo de todas as garrafas terá um furo, que permita a saída do excesso de água na terra. Uma vez as garrafas devidamente presas e alinhadas, colocaremos 1 kg de solo uefs e terra de quixabeira nas devidas proporções conforme tabela abaixo, realizar o plantio, fornecer água 3 vezes por semana, e no 25o dia após a germinação, coletaremos as amostras para análise.
O solo a ser utilizado no experimento foi separado em malha de 4,78mm, cada amostra foi pesada e identificada para garantir uniformidade no material, como mostra nas imagens em anexo.
Anexo I: Tabelas de identificação
Resultados: No 25° dia após a germinação foram avaliadas as seguintes variáveis para comparação entre os tratamentos e comparar com o material de referência, denominado solo uefs: comprimento de caule, comprimento de raíz, número de folhas e massa fresca. As plantas foram desidratadas e após 10 dias ocorreu a pesagem de massa seca, apresentando resultados conforme tabela abaixo.
Houve dificuldade em comparar os resultados obtidos no experimento com outros trabalhos, devido a escassez de estudos realizados com terra de quixabeira, porém foi perceptível que nos tratamentos utilizando o substrato em estudo as plantas obtiveram desenvolvimento superior ao tratamento que conteve apenas solo uefs, o qual possui as características químicas descritas na análise de solo abaixo
tabela
Os resultados obtidos na análise de solo da terra de quixabeira, comprovam que o substrato possui alta CTC e saturação por bases, elevado teor de fósforo, cálcio e magnésio, características importantes no bom desenvolvimento da cultura do coentro.
As garrafas com maior quantidade de solo uefs apresentaram surgimento de algumas plantas
daninhas, sendo controladas logo após a germinação para não interferir no desenvolvimento do
coentro. Realizando análise de variância com o software sisvar 5.0, aplicando teste de tukey com 0,05% de significância, os resultados dos tratamentos 2, 3 e 4 apresentaram resultados estatisticamente iguais, o tratamento 1 todas as variáveis apresentaram resultados inferiores aos demais tratamentos, e o tratamento 5, as médias de todas as variáveis foram superiores aos demais tratamentos.
Conclusão:
A cultura do coentro (Coriandrum sativum) apresentou bom rendimento nos tratamentos submetidos ao uso da terra de quixabeira (Bumélia sertorium) como enriquecedora da fertilidade do solo. Houve variações de produtividade em relação as quantidades estabelecidas em cada tratamento, sendo que no cultivo estabelecido em solo predominantemente da UEFS os valores foram inferiores aos tratamentos que havia adição de Terra de quixabeira, o maior valor no entanto foi onde o uso da terra foi completo, fazendo com que o desenvolvimento do coentro tenha sido superior, proporcionando alta produção de matéria seca, raiz e caules longos e maior número de folhas por planta, se comparado aos outros tratamentos. Através deste experimento pudermos afirmar com segurança os benefícios da utilização da terra de quixabeira, a qual já se difundiu entre agricultores para emprego em jardinagens ou horticulturas e os benefícios da mesma para a produção.
Referências:
BRAGA, R. Plantas do nordeste, especialmente do Ceará. 3 ed. Natal: Ed. Univert. UFRN, 1960.
(Coleção Mossoroense )
FILGUEIRA, F.A.R. Novo Manual de Olericultura: cultura e comercialização de hortaliças. 2a ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2000. 650 p.
FILGUEIRA, F.A.R. et al. Novo manual de olericultura: Viçosa: UFV, 2003. p.289-90
OLIVEIRA, A. P.; SILVA, V. R. F.; SANTOS, C. S.; ARAÚJO, J. S.; NASCIMENTO, J. T.
Produção de coentro cultivado com esterco bovino e adubação mineral. Horticultura Brasileira, Brasília,
v. 20, n. 3, p. 477-479, 2002